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BREVE COMENTÁRIO SOBRE PRÉVIA DA REUNIÃO COPOM EM 29/01/25

  • E
  • 29 de jan.
  • 3 min de leitura

A decisão do Copom de elevar em 1% a taxa Selic de juros passando para 13,25% aa reflete um cenário de maior cautela diante da trajetória da inflação e do quadro fiscal do Brasil. Com a tendência de alta do IPCA, o que reforça a necessidade de uma política monetária mais restritiva (hawkish) com maior aperto monetário para conter a escalada de preços.


O crescimento da dívida pública (tanto líquida quanto bruta) combinado com a falta de medidas concretas para o controle fiscal, tem gerado desconfiança no mercado e pressionado a curva de juros futuros. O governo federal não sinalizou um compromisso efetivo com a redução dos gastos públicos, o que mantém a incerteza sobre a sustentabilidade das contas públicas e a trajetória da dívida.


Esse cenário, aliado à pressão inflacionária, limita o espaço para reduções na taxa de juros e pode até exigir um ciclo mais prolongado de aperto monetário para ancorar as expectativas de inflação. Para empresas e consumidores, esse novo patamar de juros representa um custo de crédito mais alto, impactando investimentos, consumo e crescimento econômico. Setores dependentes de financiamentos, como construção civil e indústria tendem a sentir os efeitos com maior intensidade.


A sinalização do Banco Central reforça que a política monetária continuará atuando para garantir a estabilidade de preços, mas a efetividade dessa estratégia dependerá da condução da política fiscal. Sem um compromisso claro com o equilíbrio das contas públicas, a economia brasileira pode enfrentar um período prolongado de juros elevados e crescimento mais lento e, ate é recessivo. Essa decisão do Copom será fundamental para definir a confiança dos agentes econômicos nos próximos meses e o ritmo da atividade econômica em 2025.


Isso é o que se espera devido a situação econômica atual do país. Porém, em caso da redução da taxa selic de juros com o cenário atual econômico de inflação acima da meta, tendência de crescimento do IPCA, aumento do déficit fiscal e elevação da dívida pública, o mercado poderá interpretar essa decisão com um movimento político e não técnico.


A composição atual do Copom, agora majoritariamente indicada pelo presidente Lula ( 8 diretores com 3 foram indicados por Bolsonaro), já levanta questionamentos sobre a independência da autoridade monetária. Uma redução dos juros nesse contexto poderia ser vista como uma tentativa de estimular o crescimento econômico no curto prazo, mas em detrimento da estabilidade de preços e da credibilidade da política monetária.


E, isso tem como principais impactos:

1. Desancoragem das expectativas de inflação podendo elevar a percepção de risco inflacionário com projeção ainda maior da inflação no futuro pressionando os prêmios de risco e a curva de juros futuros;

2. Aumento do câmbio e dólar mais caro com investidores reduzindo sua exposição ao Brasil gerando uma desvalorização maior do real frente ao dólar, elevando assim os custos de importação e, consequentemente, a inflação;

3. Aumento da desconfiança dos investidores devido a interpretação do mercado de priorização do governo federal ao crescimento econômico em detrimento da disciplina fiscal e a estabilidade de preços gerando maior aversão ao risco e aumentando os juros pagos pelo Brasil para captar recursos no mercado;

4. Alta dos juros longos e dificuldades para empresas e governo devido a selic baixa sem fundamentos sólidos fazendo com que os juros de longo prazo subam e encarençam o crédito para empresas elevando o custo da dívida pública.


Assim, para evitar esse cenário negativo o Banco Central precisaria justificar tecnicamente qualquer redução da Selic, demonstrando que a inflação está realmente sob controle e qua há sinais concretos de melhoria fiscal. Caso contrário, a decisão poderia ser vista como um movimento de interferência política na política monetária, enfraquecendo a credibilidade do Bacen e trazendo instabilidade para a economia brasileira.

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